Recebi este mail via e-mail (ehehe) hoje e achei que devia posta-lo pois deve ser dos textos mais adequados aos tempos que correm. Acho que devemos parar e olhar para Noz(outra! Epá hoje estou imparável, ehehe) e pensar nos nosso hábitos de vida. Ora cá vai:
"Já vai para 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.
Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.
Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a ideia
seja brilhante e simples. É regra.
Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos,
australianos, asiáticos, etc) ficamos aflitos para obter resultados
imediatos, numa ansiedade generalizada. Porém, o nosso sentido de urgência
não surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem
"n" reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down".
O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com
a maturidade da tecnologia e da necessidade; aqui, muito pouco se perde.
É assim:
1. O país é cerca de 3 vezes maior que Portugal;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa tem 1
milhão);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB,
Nokia,...
5. Para ter uma ideia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os
foguetes da NASA.
Digo a todos estes nossos grupos globais de trabalhadores: os suecos podem
estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.
Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que
tenha mais cultura colectiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história,
só para vos dar uma noção...
A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me
no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente.
Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de
entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada,
no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, uma
manhã perguntei-lhe:
- Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o
estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque.
Ele respondeu-me, simples, assim:
- É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar mais tarde já
vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você não acha?
Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania!
Serviu também para rever os meus conceitos. SLOW vs FAST.
Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A Slow Food
International Association - cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em
Itália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que o movimento SLOW FOOD
prega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os
alimentos, "curtindo" a sua confecção, no convívio com a família, com os
amigos, sem pressas e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito
do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, em que o
americano "endeusificou".
A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a um
movimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, como salientou a revista Business
Week na sua última edição europeia. A base de tudo, está no questionar da
"pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade
do ter" em contraponto à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos
horas, (35 h / semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos ou
ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram a semana de 28,8
horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Esta chamada "slow atitude" está a chamar a atenção, até dos americanos,
apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, esta "atitude sem-pressa" não significa, nem fazer menos, nem
menor produtividade.
Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e
"produtividade" com maior perfeição, atenção aos pormenores e com menos
"stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo
livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e real, em
contraste com o "global" - indefinido e anónimo.
Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos
prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da
religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercivo, mais
alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos,
felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Gostaria que vocês pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhos ditados
"Devagar se vai ao longe" ou "A pressa é inimiga da perfeição" já não
merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada?
Será que as nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios
de "qualidade sem-pressa", até para aumentar a produtividade e qualidade dos
nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da "qualidade do ser"?
Algumas pessoas correm atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando
morrem enfartados, ou algo assim.
Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e
esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que existe.
TEMPO, toda a gente tem, por igual.
Ninguém tem mais, nem menos, que 24 horas por dia.
A diferença é O que cada um faz do seu tempo.
Precisamos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon,
"A vida, é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".
Parabéns por ter lido até a o fim. Muitos não leram esta mensagem até ao
fim, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado.
Pense, e reflita até que ponto vale a pena deixar de "curtir" a sua família,
ou os seus amigos. Deixar de estar com a pessoa amada, ou passear na praia
no fim de semana.
Amanhã, poderá ser tarde demais.”
Não faço a menor ideia de quem escreveu mas é um texto a ter em conta.
AFS
terça-feira, março 07, 2006
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