quinta-feira, julho 12, 2007

Andar à Nora.

O problema nem é eu ser um otário do caralho, um estúpido de merda, o problema é ter a plena consciência disso e não fazer nada para o ultrapassar. Talvez não saiba como fazê-lo, talvez seja mesmo burro, daqueles que nem com os erros aprendem.
O problema é ter a certeza que sou um caminhante que não acerta uma passo, não encontra um caminho que me leve a outro lugar que não ao mesmo de sempre. Devo ter perdido completamente o norte e caminho repetidamente neste círculo. Por mais portas que abra, vou parar sempre ao mesmo sítio. Tento, inadvertidamente, confiar na entidade que manuseia, habilmente, as cordas do meu destino mas acho que estou a chegar ao ponto de saturação, farto de não passar de uma marioneta. Já me doem os nós dos dedos de tanto bater a portas que quase nunca abrem e quando o fazem mostram apenas mais um trilho circundante que me leva ao ponto de partida.
Andar à nora é uma expressão baseada na antiga forma de tirar água que consistia em burros andando, repetidamente, à volta da nora tirando o tão desejado néctar. Invejo esses animais, ao menos obtinham algum proveito do facto de andar à nora, viam algum resultado da tarefa que executavam, tinham utilidade. Eu nem uma mísera gota consigo vislumbrar.
Talvez seja um burro sem utilidade, resta-me confiar na sorte do meu destino, esperar que o lavrador seja um homem piedoso, ou enfrentar o facto de que serei abatido.

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